quinta-feira, agosto 16

De Nelson, pelo Âmbar |Discurso sobre a náusea|


Foto: Anderson Damião

Intrigante a resposta dessa pergunta: O que seria a náusea para Nelson Rodrigues? E quando se cogita a ideia de que a náusea é o orgasmo, daqui e diante tratado por gozo, de imediato temos a estranha reação de achar ser pouca a influência que o gozo leve aquelas mulheres a tomar medidas extremas nas vidas delas e de suas gerações familiares.


Foto: Anderson Damião

Mas aqui não estamos falando de um simples orgasmo, este é o ponto. Uma casa onde vivem três mulheres que tem primas e filhas. Estamos falando do gozo feminino, apontado numa relação com a inconsistência, com o indecidível, numa relação com a incompletude capaz de levar a transtornos psicológicos por um sentimento de castração e dependência do outro para poder ser atingido o ápice do prazer sexual. O gozo no prazer sem-limites, essa sensação pode, sim, ser refletida com outros olhos, suficientes para alegar que qualquer atitude tomada pelos personagens de “Dorotéia” seja digna de sua justificativa, o orgasmo.

Foto: Anderson Damião

Ao mesmo tempo em que o gozo feminino não está articulado apenas ao sentir e tende ao infinito, no que existe de fato é uma bomba atômica(capaz de toda destruição) de sensações patológicas e psicológicas, que se deve recusar para que não seja mortífero ou desestabilizador para aquela família regada de supertições e influências ritualísticas.

Foto: Anderson Damião

Então, aqui descobrimos que a chave do processo da repulsa e da aversão ao homem é, de fato, o que se chama de náusea, e todo o resto é o que sente a mulher no ato de sua primeira noite para que ela venha a alcançar a náusea, o porquê que ela atinge tal ponto, tão intrigante quanto à morte de alguém estrangulado por espiar através do leque e ver botinas desabotoadas.

-por João Guilherme de Paula.

[postagem ilustrada por registros do processo de criação da Leitura Dramatizada, um prazer a parte estar com essa equipe, sempre!]

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