Foto: Anderson Damião |
Intrigante a resposta dessa pergunta: O que
seria a náusea para Nelson Rodrigues? E quando se cogita a ideia de que a
náusea é o orgasmo, daqui e diante tratado por gozo, de imediato temos a
estranha reação de achar ser pouca a influência que o gozo leve aquelas
mulheres a tomar medidas extremas nas vidas delas e de suas gerações familiares.
Foto: Anderson Damião |
Mas aqui não estamos falando de um simples
orgasmo, este é o ponto. Uma casa onde vivem três mulheres que tem primas e
filhas. Estamos falando do gozo feminino, apontado numa relação com a inconsistência, com o
indecidível, numa relação com a incompletude capaz de levar a transtornos
psicológicos por um sentimento de castração e dependência do outro para poder
ser atingido o ápice do prazer sexual. O gozo no prazer sem-limites, essa
sensação pode, sim, ser refletida com outros olhos, suficientes para alegar que
qualquer atitude tomada pelos personagens de “Dorotéia” seja digna de sua
justificativa, o orgasmo.
Foto: Anderson Damião |
Ao mesmo tempo em que o gozo feminino não está
articulado apenas ao sentir e tende ao infinito, no que existe de fato é uma
bomba atômica(capaz de toda destruição) de sensações patológicas e
psicológicas, que se deve recusar para que não seja mortífero ou
desestabilizador para aquela família regada de supertições e influências
ritualísticas.
Foto: Anderson Damião |
Então, aqui descobrimos que a chave do processo
da repulsa e da aversão ao homem é, de fato, o que se chama de náusea, e todo o
resto é o que sente a mulher no ato de sua primeira noite para que ela venha a
alcançar a náusea, o porquê que ela atinge tal ponto, tão intrigante quanto à
morte de alguém estrangulado por espiar através do leque e ver botinas
desabotoadas.
-por João Guilherme de Paula.
[postagem ilustrada por registros do processo de criação da Leitura Dramatizada, um prazer a parte estar com essa equipe, sempre!]
[postagem ilustrada por registros do processo de criação da Leitura Dramatizada, um prazer a parte estar com essa equipe, sempre!]
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