terça-feira, setembro 18

De Nelson, pelo Âmbar |13| - A Arte de Dorotéia


 

No mês de julho, Márcio enviou um email, convidando-me para elaborar juntamente com a parte da direção do Coletivo Âmbar um pôster para Dorotéia. Li uma pequena sinopse que me deixou muito intrigada, principalmente na parte de “pessoas que não sonham”, depois de uns dias fui convidada a assistir o ensaio das meninas no dia 1º de agosto e lá, descartei tudo o que já estava pensando fazer. Willams e João Guilherme conversaram comigo sobre o que eles estavam tentando fazer, de como iria ficar o cenário, o vestuário e outras coisas mais. E assistindo-as, o que Will havia me falado (sobre Dorotéia ser uma coisa bem absurda) ficou martelando coisas na mente: fé, velas, negação, amor, belo, feio, mulher, botinas, máscaras, náusea, invisível, decomposto, fora as sugestões que João havia me dado, tinha que “resolvê-los” nos meus rascunhos. Mas, uma coisa era certa, queria expressar todo o impacto que tive ao assistir Dorotéia no papel.





Então decidi justamente fazer ao contrário do que falavam lá, onde diziam que o maior arrependimento delas é que dentro de suas vestes existia um corpo nu. Por isso trabalhei com todas as Dorotéias nuas e de quadris largos. Belas, que tentam podar sua beleza ou estão tristes pela enfermidade que saiu de seu ventre. Ao pensar nisso, os materiais escolhidos seria tudo o que remetesse ao feminino: batom, esmaltes, cabelos, entre outros. Tudo isso em contraste com o carvão, a vela, o sombrio, que é toda a alegoria do cenário que é muito rico visualmente e impactante. Uma vez, um professor me pediu para explicar como se chega a determinado ponto de uma obra e/ou trabalho. Bem, dependendo do que se quer fazer, pode ser até a náusea citada, onde, de repente, não se enxerga nada e tudo se torna invisível, ou tornar-se uma gestação, em que mesmo com todo o aconchego do ventre ele tem que sair, tem que vir ao mundo...



Por isso, fiquei honrada de ter feito parte disto e grata pelo convite. Acredito que tudo faz parte do nosso aprendizado constante, pois ninguém aprende só, mas sim em comunhão. Este trabalho foi o primeiro desse gênero (série sobre um tema), e foram escolhidos dois dos dezoito esquematizados que futuramente os finalizarei! Pois estou muito empolgada com esse tema. Mais uma vez muito obrigada Coletivo Âmbar pela oportunidade! Abraços!



por Hayanna Saldanha

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