De Nelson, pelo Âmbar |3| - Santuário

 

Foto: Anderson Damião

Após um intervalo de quatro dias, no dia 22/07 (segunda-feira) o Coletivo Âmbar volta a se reunir para o quarto encontro do processo para a montagem da Leitura Dramatizada do texto Dorotéia de Nelson Rodrigues. Dessa vez nos encontramos no Espaço Cultural Inácia Raposo.

Existia certa expectativa sobre como seria este quarto encontro, pois havia um intervalo significativo desde o útimo ensaio. Para iniciar, André Vieira propõe um exercício que se mescla corpo e voz aplicando massagens e movimentos de articulação do corpo. Em seguida, seria o trabalho conduzido por João Guilherme de Paula, em que as atrizes foram surpreendidas com alguns exercícios mais “agitados”.


O que começou com uma boa brincadeira deu lugar à exaustão, em que as atrizes passaram a serem testadas com a “dança pessoal”. Sendo estimuladas a não pararem e a aumentarem o ritmo de suas danças, até o ponto que, uma por uma, foram retiradas de sua zona de conforto para tentar canalizar energias pesadas, que haviam sido estimuladas em Clebia Souza.


Enquanto isso, Willams Costa e Anderson Damião preparavam o palco com velas, balanço e santos quebrados. Tudo isso para criar um santuário onde as personagens encontrariam um espaço de adoração religiosa que influencia suas posturas tiranas.


Nesse cenário, aconteceu a leitura de forma mais arrojada, pois três personagens que passavam ainda por um momento de descoberta foram trazidos à tona. Com isso, cada uma das atrizes desenvolve percepções diferentes sobre o trabalho:

Foto: Anderson Damião

Clébia Souza - Embora angustiada com a busca do personagem, o exercício trabalhado na noite lhe proporcionou um sufoco e um peso, que eu (João) pude trabalhar em cima deles, para que ela viesse sentir essas características em seu corpo de forma mais concreta.


Jéssica Viana - Descobrimento da importância do treinamento para a construção da persona em curto prazo, pois trabalha-se uma “quebra” do personagem e em pouco tempo pede-se que ela entre em cena novamente, com a mesma energia do exercício anterior.


Isis Agra - Desenvolvimento da postura mais sensual  de seu personagem a partir do trabalho de dança individual.


Renata Freitas - Afirma que está se encontrando com a personagem, já que o exercício trouxe a tona o peso, citado anteriormente, que ela também precisa para a cena.


Amanda Clélia - Reflexões e estudo de como partir de uma encenação onde a leitura não leve ao esquecimento da atmosfera criada pela cena e seus personagens.


Contudo, observamos que mesmo com as expectativas pouco agradáveis, continuamos numa crescente, e dessa forma, o Coletivo fecha mais uma noite de trabalho e estudo rumo ao Festival de Leitura Dramatizada de Caruaru.

por João Guilherme de Paula.