Sala 44, Universidade Federal de Pernambuco
Ao chegar, houve a habitual conversa inicial enquanto todos
não chegam. O diretor Willams Costa conta novas ideias que teve para o
espetáculo e divide conosco nos convidando a uma discussão.
Às 9h51 o ensaio realmente inicia com um relaxamento
ministrado pelo diretor. Nesse relaxamento, foi proposta uma criação
imaginativa do espaço físico da peça. Os atores são convidados a observar o
espaço, perceber o que há nele, como é esse espaço habitado pela Rainha e por todas
as pessoas que andam por ele. Quem são todos? Quais as sensações provocadas?
Quais os sons? Quais as situações?
Aos poucos, os atores vão se inserindo nesse espaço, fazendo
parte dele não apenas como observador, mas como personagem.
Sons provocativos são feitos com um banco de madeira, pelo
diretor, a fim de criar estímulos. O corpo também passa a ser motivado, através
de movimentos cada vez mais rápidos. Os atores vão mostrando através de um
movimento apenas, o som que reside no espaço criado. Esse som/movimento é
explorado e cada vez mais estimulado a vibrar no espaço. A intensidade vai
diminuindo até paralisar-se, junto com o espaço físico que vai perdendo sua
materialidade.
A história da Rainha e seus servos começa a ser contada.
Vai-se estabelecendo um jogo, cada servo é maltratado e humilhado a cada vez.
Jéssica Viana põe Rodrigo Porto ajoelhado, Anderson Damião virado para parede
repetindo “eu não presto, sou inútil” e João Neto para trazer-lhe o presente
repetidas vezes (o presente foi colocado em cena pelo diretor). A atriz vai
compondo a personagem e a cena. Com indicações externas do diretor, o exercício
foi realizado em cima do “absoluto poder” e a “submissão”. Através dos castigos
propostos os atores deixam transparecer o cansaço físico.
A Rainha vai mudando as instruções, aparecendo novos
aspectos e situações. Ela manda seus criados fecharem as portas do castelo
repetidas vezes: com as mãos, com os pés e com a boca (todas ao mesmo tempo em
que repetiam “eu não presto, sou inútil”). Os atores vão ficando cada vez mais
exaustos com os exercícios para saber até onde aguentam o poder imposto.
Em seguida, ela pede para que todos fiquem a sua frente e
que falem o quanto a amam e o quanto ela é poderosa e suprema. A cena fica
parecida com um tribunal.
Fechando o exercício, ela ordena que todos fiquem de quatro,
onde eles viram seus cachorrinhos e são adestrados por ela. A conclusão do
exercício leva vinte minutos. Ainda como cachorros recebem uma intimação: levar
um presente para a Rainha. Para intensificar, ela pede que eles repitam como
robôs. O diretor vai dando o desfeixo do
exercício e aos poucos vai tirando todos de cena.
Fim do encontro às 12h03.
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